segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Imortalidade

No dia em que findar o mistério
Ribombarão as grandes sinfonias
Triunfantes escritos do génio
Imortais lágrimas minhas!

A apoteose será imensa
Tudo se fundirá num só
Ah, Luz que és tão intensa
Livra-nos enfim do pó!

As ruínas do entardecer
Ó Roma de toda a memória
Sofrerão, gritarão (sem gemer)
Erguerão o punho da História!

Será tão enérgica força
Que a própria Luz há-de ver:
Nada há que a torça,
Para sempre tem de viver!

O caminho do livramento

Na mística viagem da vida
O farol assinala a lonjura
Que parta e se não sinta perdida
Cumprindo o que sempre perdura.

O caminho é de névoa e de treva
No escuro há-de parar
Que se livre de tudo o que leva
E recorde do farol o brilhar.

O caminho então transmutar-se-á
E verá por breves momentos
Que a chave do que há e não há
É chave que a livra dos tempos.

Na mística viagem da vida
Encontrará por fim o esplendor
Que é derradeira subida
Sem medo, dúvida ou dor.

O fardo dos deuses

Os deuses vagabundos que crias
Escurecem na luz ilimitada
Buscam ao vento sem tempo
Mastigam o teu eco de nada.

Caminham sozinhos p'los campos
Enfermos de um outro saber
Lambem os invisíveis prados
Na sombra do entardecer...

Fodem a matinal terra
Agridem o ser do seu ser
Chorando, berrando - Eclipse!
A raiva matou ao morrer.

Regressam intoxicados a casa
Mar negro de vagas expectantes
Sorriem e contam estórias
E voltam a ser como dantes.